A amizade e imaginação em "Ponte para Terabítia" de Gábor Csupó, 2007: Resenha do filme "Ponte para Terabítia", 2007.

Introdução


Você só vai conseguir conhecer "Ponte para Terabítia" se fechar os olhos bem forte e abrir a mente. Isso porque a imaginação é a peça chave para que esse reino exista, com seres do mal e do bem, trolls, gigantes... o que você imaginar, você verá e será. Esse é o enredo principal de um dos filmes mais enigmáticos que já passaram nos cinemas e TV e que ainda comove muitas pessoas que assistem pela primeira vez ou pela segunda vez, como é o meu caso.

Neste artigo, você confere uma resenha do filme "Ponte para Terabítia" de Gábor Csupó, lançado em 2007, com o olhar focado na amizade e imaginação de Leslie e Jess, protagonistas do longa.


1 Amizade em Ponte Para Terabítia

A amizade é de longe um dos relacionamentos mais bem praticados no mundo, pensando que o ser humano depender sempre da interação para sua sobrevivência. Só que alguns preferem ter laços mais fortes de confiança, intimidade... e isso nos rende bons momentos, como parques, festas, boas risadas... a amizade é de longe um dos relacionamentos que todos já praticaram pelo menos uma vez na vida. Há alguns que encontram a "alma gêmea" em um amigo.


Outra palavra que habita em muitas amizades é a imaginação. Imaginamos viajar para as praias do Nordeste, conhecer o Pão de Áçucar... mesmo sabendo que só há R$ 2 reais no bolso. Imaginamos na hora do sexo, para os amantes. Imaginamos enquanto brincamos quando crianças. A imaginação está presente desde a primeira idade até a última, sempre idealizamos o que queremos ou queríamos.

E, novamente, se pesquisarmos essa palavra no dicionário, vamos encontrar vários significados, mas esse é muito característico e descreve bem a resenha: função mental que permite representar na mente seres, situações, cenários, objetos etc. com os quais não se teve uma experiência direta. (Aulete Digital).

Essas duas palavras tão comumente relacionado a amigos, está totalmente presente em um dos filmes mais enigmáticos do cinema, feito pelo diretor Gábor Csupó (2007), o qual vem de origem do livro de mesmo nome da autora Katherine Paterson (1977).

1.1 Família

Os primeiros minutos de tela é dedicado para o protagonista Jess (Josh Hutcherson), que se mostra não só um adolescente sereno, reflexivo e artista plástico, o que retrata, desde o início, a sua sensibilidade com a imaginação, mas também alvo de bullying entre os colegas na escola, tanto fisicamente (jogá-lo no chão a todo momento) quanto verbalmente, e a carência paternal.

Jess tem 2 irmãs mais velhas, 1 irmã criança e uma recém nascida. As 2 irmãs mais velhas estão sempre juntas e criticando uma a outra, inclusive Jess em alguns momentos. A criança, May Belle, uma personagem importante para o filme também, é a única que se mostra empática e curiosa em saber o que e como é seu irmão, mesmo que ele a ignore boa parte do longa, porém, no desfecho, ela tem o seu reconhecimento.

Os pais deles se mostram unidos o tempo todo, respeitosos, mas preocupados com o futuro de sua família.

1.2 O capitalismo

Não é o foco, mas também o expectador não deixa de identificar como essa preocupação atinge não só o desenrolar da trama como o protagonista, em que, em uma cena importante, ele percebe que a economia da família não anda nada bem. Essa cena acontece a noite, os filhos estão assistindo TV enquanto os pais estão sentados na mesa da cozinha comentando baixinho sobre a economia. Os olhos do pai se encontram com o do filho que já o encaravam por um tempo. Temos, então, um diálogo sem fala e que toca nossa sensibilidade.

Percebe-se, nessas cena, críticas ao sistema capitalista, em que, Jess, ao tentar salvar um animal que estava comendo as frutas da família, itens de venda, é repreendido pelo pai, afirmando que a plantação é o sustento da família e que salvar animais ou, na fala dele, pragas, é prejudicar a renda, que não tem tido bons ganhos. Essa cena importante não só demonstra isso, como também uma antítese ao gênero do filme: fantasia x realidade, o que faz Jess questionar se a fantasia merece realmente um espaço em sua vida. Leslie é a personagem importante que o tempo todo desconstroi esse pensamento. Ela é praticamente a personificação da fantasia do longa.

1.3 Leslie e Jess

Leslie (Anna Sophia Robb), então, compõe todas essas cenas brilhantemente. A protagonista e estrela do filme vem quase como um "Tyler" em "Clube da Luta", como uma persona mais aventureira de Jess, mas Leslie se mostra única e, também, cheia de medos e traumas, assim como Jess e diferente de Tyler.

A protagonista aparece antes da metade do filme e se mostra uma personagem forte e muito, muito idealista. Por ter pais escritores, sua mente criadora ficou muito mais aguçada, capaz de inventar suas férias, que nunca tinha ido, para a atividade de redação na escola. Leslie é simpática e ingênua. Ela vive o presente e não se importa com as situações que passa, como o bullying por exemplo, aliás, muito frequente no filme, mas não vamos focar nisso. Em uma cena, ela é encharcada de ketchup e depois ri da situação.

Ela é a responsável por desbravar Ponte para Terabítia após Jess e ela descobrirem um pedaço de corda que era uma ponte para um outro lado da floresta. Leslie olha para esse lado e chama Jess para que tenham um lugar só deles. A partir desse momento, a vida dos dois mudam e a amizade aumenta, sem romantizações.

O expectador descobre que tudo que aparece no reino, como eles denominam, é a imaginação dos protagonistas. É preciso fechar os olhos e deixar a mente aberta. Lá, eles lutam com soldados do mal e se protegem com a ajuda do Terabitianos (soldados aliados). É, nesse tempo, que os dois começam a se conhecer e a refletir sobre a vida: dos pais, irmãos, amigos, da escola...

Não pude deixar de pensar, além disso, em "O Pequeno Príncipe", até porque existe uma fala de Jess que lembra muito o simpático Príncipe: "o que ficar sério o tempo todo tem de tão bom?" É mais uma das muitas cenas do filme que defende a mesma tese do livro de Antoine de Saint-Exupéry: racionalizar tudo o tempo todo faz a gente perder nosso senso de fantasia.

O enredo toma um rumo um pouco mais sério nos 30 minutos finais e o telespectador recebe algumas dicas de que as coisas não ficarão nada bem. Até que ponto podemos fantasiar? A realidade e a fantasia podem se colidir? Fica uma reflexão de que a fantasia é capaz de fazermos coisas incríveis, capaz de nos aprofundarmos em nossas maiores imaginações e viver lá.

Considerações finais

Como é reproduzido pela internet, "Ponte para terabítia" é um "suco" de fantasia. Ele nos leva para lugares inanimados, capazes de reacender a chama da imaginação que existe em nós, mas por motivos da realidade, acabamos deixando de lado.

Para os amantes da fantasia, Ponte para Terabítia não traz apenas esse gênero, mesmo sendo o principal, mas traz diversos temas relevantes e com teor crítico que nos faz pensar um pouquinho sobre como estamos levando a vida.

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