Os diálogos em "Blue Jay": Resenha do filme "Blue Jay" de Alex Lehmann, 2016

Introdução

A idealização é algo que vem ficando para trás durante os últimos anos. Aquele debate de "Felizes para sempre" caiu em desuso faz muito tempo tanto na vida real (se é que foi possível) quanto, principalmente, nos cinemas. Assistir filmes como "Ela", "500 dias com ela", "La la land", "Me chame pelo seu nome..." comprova o quanto a cinematologia tem buscado contar histórias românticas que não tem um final feliz, imitando a realidade de muitas pessoas. "A arte imitando a vida".

"Blue jay" é um filme que entra nessa lista longa de filmes que contam sobre um amor que não deu certo, mas mais importante que isso, é que há uma resolução.

Neste artigo, você confere a resenha do filme "Blue Jay" de Alex Lehmann, 2016, com um foco a mais nos diálogos.

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Os diálogos em "Blue Jay"

Dois personagens se encontram em um supermercado. É um reecontro de décadas, inesperado. Começam a conversar um diálogo padrão "oi, tudo bem?" e desenvolvem um enredo carregado de simplicidade, amizade, amor, carinho e tensão. 

Jim e Amanda são duas pessoas que se conheceram no ensino médio e tiveram não só uma grande amizade, como um grande amor, porém depois da gravidez e aborto de Amanda, o caminho dos dois mudaram completamente. Jim é um homem que se mostra triste e entendiado com a vida. Parece que tudo deu errado em sua vida. Diferente de Amanda, que se mostra confiante, linda e apaixonada por Jim, assim como ele por ela.

Os longos diálogos que o filme entrega para o telespectador é vibrante. Não tem como deixar de mencionar a lembrança da trilogia "Antes do amanhecer", que, de longe, entrega um filme de diálogo esplendoroso, capaz de nos transportar por assuntos que nós, muitas vezes, temos medo de abordar ou não pensávamos em abordar. Esses dois romances provam que o diálogo encaixa perfeitamente na relação, além de reviver histórias que, provavelmente, já havíamos esquecido.

Os diálogos de Jim e Amanda são tão fortes que perpassam para a tensão sexual que há entre os dois a cada frame do longa. De início, o filme não mostra o que aconteceu com eles, mas percebemos que a cada fala, os dois se sentem mais nostálgicos e querem lembrar da juventude, do fogo e da aventura.

O longa de Alex Lehman é intímo, delicado e não tem pressa de entregar todos os detalhes. Ele quer que a gente conheça os personagens e desfrute dessa nostalgia juntos com eles. Isso pode ser bem definido quando eles relembram a música "No more i love you" de Annie Lennox. Nós nem sabemos como foi a formatura (que Amanda comenta ao som da canção), mas pelo clima e pelos diálogos, somos transportados ao mesmo dia que eles estão: sua adolescência, além da cena render algumas risadas.

O longa não tem pressa, mas quando o climax chega, quando descobrimos o motivo do distanciamento dos dois, tudo é apresentado rapidamente, quase que para comparar com o que aconteceu com eles. Descobrimos, então, que os dois teriam um bebê, mas Jim, imaturo, pediu para que Amanda abortasse a criança e ela o fez, porque também não poderia cuidar de uma criança sozinha, porque também era uma adolescente, como Jim. Nessa cena muito importante, vemos Jim extramamente confessando sua culpa, mostrando para nós como sua vida ficou parada desde então.

Considerações finais

"Blue Jay" é uma obra encantadora e discreta. Sua paleta em preto e branco rouba a cena e retrata muito bem a vida marcada dessas duas personagens: vidas sem cores.

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